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Fórum do Programa de Pós-Graduação em Música
19 - maio - 2015 | 17:00 - 18:15
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Comunicações a serem apresentadas:
Prof. Dr. Pablo Sotuyo Blanco – De Caetano de Mello a Silvio Deolindo Fróes: Processos históricos na construção antropofágica do cânone musical na Bahia
Resumo: De acordo com Jorge Amado a “descoberta” da América pode ser diversamente entendida de acordo com os muitos povos que aqui chegaram. Como provocação humorada do cânone no meio cultural, Amadodescreveu como os “turcos” (na verdade, principalmente árabes sírios e libaneses do Império Otomano) “descobriram” a América no sul da Bahia (Brasil), durante a virada do século XX, numa complexa tela multiculturalem que a música e a dança assumem necessariamente uma dimensão polissêmica. Assim, o relato apresenta uma muito bem humorada visão da cultura do “outro” quando “climatizada” em terras brasilicas na Bahia; distante subproduto da antropofagia cultural promovida por Oswald de Andrade a inicio do século XX. Parafraseando Manuel Veiga (2004) os efeitos escalonados e variados da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, que atingiriam a Bahia a partir de 1954 pela ação de Koellreutter nos Seminários de Música da Universidade da Bahia e cuja produção musical mais renomada girou em torno do ecletismo de Widmer e o Grupo de Compositores da Bahia na década seguinte, podem também ser entendidos como resultados de um festim antropofágico cultural musical, cujos ingredientes não surgiram espontaneamente, mas foram sendo preparados ao longo da sua história. Assim, este trabalho apresenta um panorama dos processos históricos musicais (e seus níveis de negociação das diversas alteridades mais relavantes) que, durante os dois seculos anteriores, prepararam o terreno para a recepção das mudanças promovidas por Koellreutter e Widmer, sucessivamente. Isto é, de como os nossos cânones resultaram de devorar outros cânones.
Marcos dos Santos (MESTRADO EM MUSICOLOGIA) – A perpetuação do Oficium Defunctorum medieval por meio dos livros litúrgicos
Resumo: Como exemplo do material musical coletado no Arquivo da Venerável Ordem 3ª de São Domingos de Gusmão, em Salvador- BA, o livro que contém o Ofício para Defuntos foi por nós estudado no intuito de se estabelecer uma provável data em que o mesmo foi confeccionado, uma vez que este não apresenta data de feitura ou publicação. Durante este processo analisamos todos os elementos que são apresentados no livro (texto, suporte tipográfico, estrutura e música) e observamos que grande partes destes elementos pertencem a uma tradição que remonta ao século IX, na Idade Média. Buscando compreender a estrutura devocional deste ofício e suas alterações no tempo, foi feita uma análise comparativa entre o exemplo por nós localizado com mais outros dois exemplos encontrados em livros publicados (um do século XIX e outro do século XX). A partir desta análise, portanto, observamos que a perpetuação da estrutura devocional do Ofício para Defuntos desenvolvido na Idade Média foi assegurada, em grande parte, por livros litúrgicos vigentes até a primeira metade do século XX, data limite do nosso estudo.
Pedro Ivo Araujo (DOUTORADO EM MUSICOLOGIA) - Buscando soluções aos problemas históricos e/ou inerentes ao patrimônio documental relativo à música
Resumo: O presente projeto de tese tem como objetivo geral buscar soluções aos problemas históricos e/ou inerentes ao patrimônio documental relativo à música no Brasil. Atualmente, a situação em que esse patrimônio se encontra mostra a negligência que sofreu por parte de instituições e pessoas. Quanto aos objetivos específicos, são: discutir a problemática inerente aos documentos relativos à música, incluindo a sua conceituação diferenciada e específica tanto do ponto de vista musicológico quanto do da Ciência da Informação; estudar o processo histórico de deslocamento, fragmentação e destruição do patrimônio relativo à música no Brasil, buscando soluções para os problemas que a situação gera; estudar os problemas históricos relativos à preservação, catalogação e acesso ao patrimônio documental relativo à música, discutindo a legislação política e padrões catalográficos utilizados; apresentar algumas soluções encontradas para os problemas apontados. A teoria de base foi construída apoiada no referencial teórico de vários documentos e autores ligados à Musicologia, assim como na Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e Tecnologia da Informação e Comunicação. Por fim, os caminhos estão sendo projetados, construídos, registrados, analisados e avaliados, no sentido de se verificar as melhores soluções para resguardar nosso patrimônio documental relativo à música.