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Ciência, Política, Religião: Um Diálogo Possível?
5 - abril - 2019 | 18:30 - 21:00
O tema das relações entre ciência, política e religião muito tem mobilizado a sociedade brasileira e mundial nos últimos tempos. É tema para um olhar acadêmico, utilizando as perspectivas plurais e específicas que a pesquisa acadêmica. No primeiro Café Científico de Salvador de 2019, dois pesquisadores muito reconhecidos no cenário baiano e nacional, professora Patrícia Valim e professor Carlos Etchevarne, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, participaram de conversa sobre o tema “Ciência, Política, Religião: Um Diálogo Possível?”. O evento será realizado no dia 05 de abril, às 18:30 horas, Mercadão.cc, Rua Guedes Cabral, 20 – Rio Vermelho, Salvador-BA, quase em frente à Paróquia de Sant’Ana.
O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição. Para mais informações, ligue 71 3283-6568.
O Café Científico é um local em que qualquer pessoa pode discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos sociais. Ele oferece uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem face a face para discutir questões científicas, numa atmosfera agradável. O Café Científico Salvador é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS,https://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/PPGEFHC/WebHome), pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares em Ecologia e Evolução (INCT IN-TREE), pela LDM – Livraria Multicampi (http://ldmcultural.blogspot.com.br/) e pelo Mercadão.cc, em parceria com o Projeto Ciência na Rua (http://ciencianarua.net/), retorna em Abril de 2019 com o evento:
Assista Cafés Científicos anteriores online: tinyurl.com/cssalvador
Patrícia Valim
(Departamento de História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/UFBA)
Pode-se afirmar com alguma tranquilidade que a modernidade ocidental tem raízes profundas na tensão entre ciência, política e religião. Na França do século XVIII, o ponto alto dessa tensão deu origem ao processo histórico da Ilustração que foi a cadência da Revolução Francesa, deflagrada em 1789, resultando na secularização do Estado e no fim do Antigo Regime Francês com boa parte da nobreza guilhotinada em Paris. Em Portugal do século XVIII, sobretudo a partir do consulado do Marquês de Pombal (1750-1777), a Ilustração teve cores e ritmos próprios; adquiriu feição de Estado, no âmbito do Despotismo Esclarecido, com forte influência dos intelectuais italianos de tradição católica, salvaguardando a relação harmônica entre revelação, fé, ciência e razão. Das várias implicações da especificidade do “Iluminismo Católico”, nos termos de Cabral de Moncada, interessa-nos destacar duas questões: 1. o fortalecimento do poder político da Coroa Portuguesa na relação de exploração colonial em seus domínios ultramarinos, especialmente na América Portuguesa; 2. a instrumentalização do conhecimento e da graça/revelação na cultura política dos setores dominantes da América Portuguesa que estudaram na Universidade de Coimbra reformada e a elaboração de projetos de futuro no empuxo da crise do Antigo Regime.
Carlos Etchevarne
(Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/UFBA)
Como ciência histórica e social, a Arqueologia centra seu interesse nos processos culturais desenvolvidos por determinados grupos, a partir dos vestígios materiais que chegaram até o presente. Ou seja, o arqueólogo usa como documento essencial o que restou da materialidade de uma determinada cultura. Mas essa afirmação leva implícita o reconhecimento que toda materialidade está imbuída de conteúdos significativos. Assim, a Arqueologia reconhece o caráter simbólico inerente a todos os aspectos materiais.
Quando se trata desses três eixos fundamentais para a dinâmica de uma sociedade (ciência, religião e política), a abordagem arqueológica considera, em princípio, a produção de espaços e artefatos que ajudam a explicar o delineamento das configurações ideológicas que estão por trás do visível, do tangível, do físico, do concreto.