“A Mulher Nua” traz a público pinturas acrílicas e desenhos do artista plástico Paulo Monteiro. Ficará na Galeria Cañizares entre os dias 10 a 21 de Julho de 2017. A exposição remete ao fascínio exercido pela imagem das formas do corpo da mulher numa apresentação que valoriza “os sutis refinamentos da nudez feminina” e a sua eroticidade.

Os trabalhos integram o processo de pesquisa do mestrado em Artes Visuais sob orientação do Prof. Dr. Roaleno Costa. Na poética de Paulo o foco é a nudez, seus interditos e des-inter-ditos. O que se evidencia na apresentação dessa seleção de trabalhos é o acerto do filósofo Agamben quando afirma que “perceber a nudez fora dos esquemas do modelo privativo e instantâneo requer uma lucidez fora do comum”.

São desenhos e pinturas de nus femininos impregnados de valores sensório-sensuais que excitam o olhar e atraem à apreciação de suas criações. Tal como Pandora não são mulheres, mas obras do artifício e do engenho no emprego da técnica pictórica e no traçado das linhas. Nas composições de “Imagos” o pintor celebra os “fantasmas” de seu desejo ─ expressão de Passeron ─ e são remissões às memórias de experiências de infanto-adolescente, “menino-velho” (expressão que aprendi com o artista em Jaguarari / BA, sua cidade de origem) descobrindo a sexualidade e sensualidade das mulheres. Da série “Mitológicas” o artista apresenta a tríade originária ─ Gaia, Afrodite e Pandora ─ pretextos para pintar mulheres nuas, também artifício de muitos outros pintores. Na poética de Paulo Monteiro os mitos remetem às “caóides do desejo” ─ expressão de Deleuze ─ vulva, seios, bunda, boca, “olhinho” etc. ─ em sua ótica, às formas da figura feminina relacionadas a libido. Além de uma série de desenhos, a mostra traz ainda 04 outras pinturas: Maria (“Nu elegante”), Volúpia e Desejo (“O Banquete”), A Bailarina (“Phantasmatha”) e Âmago I (da série “Do Balé das Cores e dos Pincéis”).

Sem pudor e sem ressentimento o artista expõe sua póiesis e amplia o campo de se suas reflexões sobre a questão: o que há na apresentação d’ A mulher nua? A curadoria propõe um formato de exposição onde cada pintura possa individualmente ser apreciada, os desenhos sejam vistos numa linha e a fruição seja agradável. Pensar arte e nudez, suspendendo o pensamento e mergulhando no olhar-perceber!

Curadoria: Maria Saievicz – Pesquisadora em Filosofia, Estética, Semiótica e Artes