EVENTO TRANSFERIDO PARA A SALA DA CONGREGAÇÃO da FACULDADE DE DIREITO da UFBA.

A conferência “Aceleração e Ressonância no Mundo Pós-COVID” será apresentada por Hartmut Rosa Hartmut Rosa, professor do Instituto de Sociologia, Universidade de Jena (Alemanha), no dia 06 de setembro de 2023, a partir das 14h, na Sala da Congregação da Faculdade de Direito da UFBA, no Vale do Canela. Hartmut Rosa é um dos maiores nomes da sociologia europeia contemporânea e a conferência será uma ocasião que possibilitará seu diálogo com a comunidade UFBA a respeito de seus conceitos de aceleração e de ressonância tendo em vista o momento contemporâneo pós-COVID.

Debatedor:
Elísio Estanque
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFBA
Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra (Portugal)

Moderador:
Ricardo Pagliuso Regatieri
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFBA

Minibio
Hartmut Rosa é professor de Sociologia Geral e Teoria Sociológica no Instituto de Sociologia da Universidade de Jena (Alemanha). Doutor em Ciência Política pela Universidade Humboldt de Berlim, atuou como professor na New School for Social Research em Nova Iorque e nas universidades alemãs de Essen, Augsburg e Erfurt. É autor, entre outros livros, de Aceleração: a transformação das estruturas temporais na modernidade (Editora Unesp, 2019), Resonancia: una sociología de la relación con el mundo (Katz Editores, 2019) e Tardomodernidad en Crisis: por un horizonte social alternativo (Ned Ediciones, 2022). Seu último livro, When Monsters Roar and Angels Sing: eine kleine Soziologie des Heavy Metal (Kohlhammer Verlag, 2023), leva a cabo uma análise sociológica do heavy metal.

Resumo
A conferência buscará, primeiramente, definir a natureza e a forma de manifestação da crise do coronavírus, utilizando-se dos recursos da teoria da aceleração. Para tanto, o ponto central é o diagnóstico de uma desaceleração social politicamente induzida e objetivamente mensurável. Com base nisso, em uma segunda etapa, serão apuradas as consequências teórico-sociais, tomando-se em consideração, por um lado, a teoria dos sistemas e, por outro, abordagens neomarxistas. O foco aqui é o argumento de que a reação política ao vírus Sars-CoV-2 não pode ser explicada nem de acordo com os princípios da diferenciação funcional nem com a lógica da manutenção de poder ou da acumulação de capital. A situação de crise abre possibilidades para uma mudança social de trajetória e sistêmica, e a sociologia, enquanto disciplina científica, pode e deve desempenhar um papel nessa situação histórica. A tese defendida é a de que estamos lidando com um violento abalo estrutural e uma desestabilização do sistema social e de organização das sociedades em escala global, pois tal sistema, tanto no Norte quanto no Sul, embora com sérias assimetrias econômicas, é caracterizado por um modo específico de estabilização, identificado como um modo de estabilização dinâmica. A tese de diagnóstico do tempo presente é a de que estamos em um ponto de bifurcação histórica, tendo em conta o encerramento e a crise das instituições sociais centrais. Assim, a proposta defendida para a ação da sociologia, seguindo Max Weber e Charles Taylor, é que esta não se veja a si própria como um exemplo de conhecimento autoritário, mas como uma instituição de autointerpretação social. Para desenvolver um “melhor relato” (embora sempre provisório) da crise atual, duas questões fundamentais precisam ser respondidas: 1) Para onde a sociologia precisa olhar, se quiser compreender a dinâmica do desdobramento atual? 2) Como ela pode ajudar os atores sociais a encontrar uma saída criativa para a crise, ou seja, ela pode se posicionar de forma normativa à luz de alternativas concebíveis? Com isso, defende-se uma postura reflexiva e construtiva para a sociologia, o que tem grande afinidade com a teoria da ressonância, a qual defende um caminho de volta para as sociedades atuais, diante de seu processo de “aceleração” e de “modo de agressão” em todas as suas relações. A ressonância significa, com isso, a busca de superação de todas as relações alienadas nas quais nos encontramos, e também a superação dos efeitos nocivos das sociedades aceleradas. A análise da pandemia, diante de seu processo inédito de desaceleração, deixa claro com isso a possibilidade concreta de construção de sociedades marcadas por relações de ressonância.

Realização: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFBA

Apoio:
Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra (Portugal)
Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação em Filosofia, UFBA
Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, UFBA
Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, UFBA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, UFBA
Caderno CRH, UFBA