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Galeria Cañizares recebe a exposição “Peles” no mês de agosto
2 - agosto - 2019 | 08:00 - 22 - agosto - 2019 | 17:00
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A abertura da Exposição “Peles”, dos artistas Élcio Miazaki, Mariana Whately e Weimar, acontece no próximo dia 2 de agosto, das 17 até 20 horas, na Galeria Cañizares, Escola de Belas Artes – Canela. A visitação estará aberta ao público até o dia 22/08, de segunda a quinta-feira das 11 às 16 horas. A partir da arquitetura marcante do prédio que abriga a Galeria Cañizares, a proposta de ocupação consiste em estabelecer diálogos entre a exuberância do espaço expositivo e uma produção de arte contemporânea que evoca o silêncio e investiga rastros do passado.
Doze trabalhos compõe a exposição, escolhidos especialmente para a Galeria, haja vista a existência de obras site specific, ou seja, pensadas especificamente para o local. Portanto, uma oportunidade única para os três artistas de realizarem seus trabalhos e aprofundarem suas pesquisas. A mostra conta com texto curatorial de Yolanda Cipriano.
Na produção de Élcio Miazaki (São Paulo, 1974) tem sido recorrente a preocupação em ‘reconstituir um contexto’ por meio de materiais de época (principalmente das décadas de 1970 e 1980), nas quais o Brasil passou pela ditadura militar e redemocratização, que coincidem com os anos de infância do artista. Em Ribeirão Preto coordena um programa de residência artística desde 2017, quando estabelece forte vínculo com as artistas Mariana Whately e Weimar e suas respectivas produções. Na obra Batalhão, o chão é forrado por milhares de envelopes que podem pertencer a cartas que estão para ser escritas; cartas que foram extraviadas; cartas perdidas; cartas que estão para ser encontradas.
A questão central da produção de Mariana Whately (Jaú, 1980) esta pautada em investigações sobre a identidade, o corpo e as relações interpessoais. A reflexão sobre a existência é sua base conceitual, tocando em questões como a angústia, o vazio, as incertezas e a precariedade da nossa condição humana. Ela utiliza diversas linguagens, principalmente a costura e o bordado, resultando em fotografias, vídeos e instalações. Suas obras surgem a partir de técnicas e materiais que estão ao seu redor, refletindo assim o universo feminino e as complexas relações que experimenta com as pessoas e cultura na qual está inserida. Mariana apresenta A pele da terra, projeto acompanhado de texto escrito por Roberta Ferraz.
Weimar (Ribeirão Preto, 1945) ocupa uma das galerias com três itens selecionados da instalação Transcurso, composta por cartas transcritas e registros áudios, objetos pessoais, retratos que se sobrepõem, como que a gerar lembranças comuns a todo ser vivo, transformando em quietude, verbo e poesia o ato e a experiência do luto. Com um conjunto de obras que se debruçam sobre o transcorrer do tempo, sobre suas marcas e presságios, a instalação recorre ao diálogo com o outro a partir de algo que nos aproxima, a saber, nossa experiência de consumidores de tempo que vê, ao longo do consumo, sua própria existência consumida. Em Transcurso temos a impressão que uma vida se faz de muitas, que cada instante documentado e rememorado é um sopro que se sustenta da saudade, força motriz que resguarda a presença dos ausentes. Alvinho é figura central na obra, assim como seus diálogos, percalços, desejos e planos, que se tornam públicos.
Em Peles há também uma contundente interferência na circulação do espaço: o acesso a uma das galerias será impedido. A artista Weimar se propõe a fechar as passagens da sala com centenas de latas vazias, dando a impressão que o ambiente está totalmente ocupado pelo material. Porém, o trio de artistas vai ocupar seu interior com obras variadas – num formato de ateliê conjunto formado por peças e processos de cada um – que serão monitoradas por câmera e terão a imagem transmitida em tempo real por uma tela do lado de fora da sala, mostrando assim que a mesma não está ocupada com latas, apesar de visualmente parecer.