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José Amarantes lança livro de contos no Cemitério dos ingleses na véspera de Finados

1 - novembro - 2017 | 17:00 - 20:00

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O baiano de Ituaçu nos apresenta seu novo livro: “baile a fantasia: contos e alguma poesia” (Ed. Étera, 2017) – assim mesmo, em minúsculas e sem crase. Um livro que é, como diz o escritor, uma descida que “implica a experiência do abismo”, um desafio ao tempo, um mergulho no abismo da vida, em direção à busca do solo da infância. De um conto de morte, que abre o livro, a um doce conto sobre um menino e a esperança, desfilam personagens que parecem seguir o sentido contrário da existência, rejuvenescendo-se enquanto as teias narrativas vão se engendrando umas às outras (como bem demonstra o poema inicial “morro” e o poema final “parto”). A obra se estrutura em quatro blocos de contos, centrados aparentemente em quatro períodos da existência, todos introduzidos por delicados poemas a dialogar, cada um, com o conjunto de histórias de cada seção (e os sugestivos desenhos em rascunho de Fábio Ramon dão solidez a esse diálogo). O livro também parece brincar com a linguagem e com os gêneros textuais. É tudo um jogo, já marcado pelo prelúdio que abre a obra, uma espécie de introdução, em que o autor oferece algumas perspectivas ao leitor, muitas vezes de forma velada. Por vezes, dadas as conexões temáticas e linguísticas entre os textos, há a impressão da leitura de um pequeno romance. O lançamento, que será do dia 01/11, das 17h às 20h, no Cemitério dos Ingleses (Ladeira da Barra), terá recital poético-musical da atriz e poeta Jell Oliveira e do ator e músico Marcos Lopes.

A imagem de um baile a fantasia seria uma grande metáfora para diferentes dimensões do ato criador? Uma grande metáfora para a vida, com suas dores, prazeres, adereços, ilusões e força criadora? As pistas são muitas: a encenação da vida, que é cantada enquanto espaço de criação e de reinvenção; o trabalho com a linguagem, estruturada como uma forma de jogo e de possibilidades (observe-se, por exemplo, a inserção do autor-criador em diferentes momentos do texto, marcando sua visão, suas indecisões, suas dificuldades enquanto criador do objeto estético, de que o final do conto A passageira da linha 33 seria um belo exemplo).

Mantém-se também o lirismo que marca a sua primeira obra poética. Tanto o “ainda em flor” (já em minúsculas), lançado em 2006, como Prêmio Braskem de Literatura, quanto “baile a fantasia” são marcados por uma linguagem que busca ser mais lírica, menos prosaica. No primeiro, o autor de forma ambígua se refere a sua primeira experiência escritora como uma produção de cantos, termo que se refere naquele contexto tanto aos lugares da memória quanto à forma de se referir ao ritmo do poema. De maneira ainda mais acentuada, “baile a fantasia” – a despeito de o autor se dizer não poeta – além de ser composto com um forte lirismo nos textos em prosa, apresenta um conjunto de poemas estruturando a obra, mapeando-lhe certos sentidos poéticos. O próprio autor deixa suas pistas. Assim, veja-se a figura do deus romano Jano, bifronte, aparecendo como motivo para marcar sua posição de prosador e de poeta (“como Jano, às vezes sou frente, às vezes sou verso”). Uma outra pista está no uso do termo escolhido para se referir à introdução da obra, que tem também seu campo semântico associado à música: prelúdio é uma obra musical que serve para introduzir uma outra obra musical. Para além disso, o autor traz outras vozes líricas, ora nominalmente citadas ora sugeridas em jogos poéticos. É, então, de um lirismo acentuado a obra.

José Amarante é mais conhecido no meio acadêmico por sua obra Latinitas (2015), dedicada ao ensino do latim e utilizada em diversas universidades brasileiras, um trabalho fruto de sua tese de doutorado vencedora do Prêmio Nacional Capes de Teses 2014, da área de Letras e Linguística. Na área literária, estreou como um dos vencedores do Prêmio Braskem de Literatura 2006, com o livro de contos “ainda em flor”, lançado pela Fundação Casa de Jorge Amado. Atualmente, dedica-se ao ensino de latim e de literatura latina na Universidade Federal da Bahia. Pela editora da Universidade, além de seu manual de latim (2015), lançou a obra “Variação linguística: criança na mão, escola na contramão” (2015). Retomando a escrita literária traz a lume agora uma escrita em prosa e verso: “baile a fantasia: contos e alguma poesia”.

 

Detalhes

Data:
1 - novembro - 2017
Hora:
17:00 - 20:00

Local

Cemitério dos Ingleses
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