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Manual como Conter uma Raça Poderosa – Lançamento de curta metragem
10 - dezembro - 2020 | 20:00 - 17 - dezembro - 2020 | 22:00
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Um manual que revela a construção algoz que imobiliza socialmente pessoas pretas é encontrado provocando uma reação em cadeia. Esta é a premissa que os estudantes Marcelo Ricardo (Jornalismo) e Vagner Jesus (Bacharelado Interdisciplinar em Artes), trazem a tona para discutir o racismo estrutura com o curta metragem “Manual como Conter uma Raça Poderosa”, que estreia no dia 10 de dezembro, às 20h, na plataforma do Youtube.
O manual é o fio condutor que emaranha as histórias em cena, e retrata o tensionamentos atuais que afetam pessoas pretas diversas. Um jovem em situação de rua, um artilheiro em vésperas de um grande jogo, uma pessoa não-binária em um linchamento digital e um jornalista na urgência de uma notícia vivem as sombras de seus pensamentos na trama afrosurrealista.
“Este é um projeto ousado, em que me desafio a experimentar ser mais de um, dentro e fora de cena”, conta Vagner de Jesus, que já trabalhou em espetáculos do Bando de Teatro Olodum como “Ó Pai, Ó!”, “Áfricas” e “Êrê”. No último ano, o ator viajou por cidade do interior levando a montagem solo “V de Viado”, e agora retorna reafirmando o seu fazer artístico em um monólogo experimental e multilinguístico. O curta foi elaborado para um espaço limitado dada as restrições do novo coronavírus.
O curta percorre por estratégias que interdita pessoas negras subjetivamente chamando atenção para as operações truculentas que detém e exterminam tal grupo baseado no racismo que estrutura a sociedade. A obra põe em reflexões situações diárias, como a de George Floyd, assassinado sob os joelhos de um policial em praça pública em Minneapolis (EUA), e o de João Alberto Silveira de Freitas, morto por seguranças no Carrefour, em Porto Alegre.
“Estamos falando dentro da obra do que realmente nos afeta no mundo fora. São corpos diversos em situações distintas, que sofrem do mesmo mal: o racismo estrutural”, ressalta Vagner. As quatro cenas ressaltam o tom de denúncia, mas não se encerra sem propor uma contranarrativa sobre as movimentações políticas de pessoas negras. A obra une teatro, dança, audiovisual e artes visuais. Para a construção do curta, os artistas se apropriam da estética do afrosurrealismo, em que o sonho, a alucinação e o subconsciente protagonizado por pessoas pretas dão o ritmo de suspense a obra.
“O manual é uma metáfora para pensar no conjunto de imagens que se sobrepõe às subjetividades de pessoas negras da diáspora”, diz Marcelo Ricardo, que roteiriza e co-dirige a produção com o ator. “Nosso interesse é se aprofundar num subconsciente que é coletivo, ameaçado e que nos retira a possibilidade de pensar saídas, mas que ainda assim, nos dar formas de reagir”, explica a o roteirista.
A produção tem o apoio financeiro da Pró-Reitoria de Extensão da UFBA (PROEXT-UFBA) através do Edital PIBExA, que contemplou propostas de experimentações artísticas estudantis em processos não presenciais em enfrentamento a pandemia do novo coronavírus. A obra ficará acessível até o dia 17 de dezembro na plataforma do Youtube.
Serviço
Estreia – Manual de como Conter uma Raça Poderosa
Quando: 10 de dezembro, às 20h, até 17 de dezembro
Onde: no Yotube, pelo o link: bit.ly/FilmeManual
Gratuito
Sinopse:
Unindo teatro e audiovisual, o experimento artístico apresenta uma pequena antologia afrosurrealista de quatro cenas em que um manual desvenda como o racismo estrutural imobiliza, física e subjetivamente, a população negra exigindo dela uma reação.
Sobre os artistas:
Vagner Jesus; Ator desde 2011, iniciou a carreira artística no Teatro É ao Quadrado. Teve sua primeira experiênciaprofissional em 2017, através do Bando de Teatro Olodum, onde também trabalhou na área de produção cultural, na condição de estagiário. Em 2018, foi indicado como ator revelação para o Prêmio Braskem de Teatro da Bahia, pela atuação no Espetáculo V de Viado. Atualmente, estuda o curso de BI em Artes na UFBA e para além de atuar, realiza pesquisas na área de cinema alternativo.
Em audiovisual: ep. Mainha sim que é Hexa! (Na Rédea Curta); Nem Me Covid (Curta independente criado em tempos de quarentena); O Conto de Nghala e Badu (Curta independente em parceria com Ella Nascimento) e Café com Oliver (Produção Coletivo Salva).
Marcelo Ricardo – Graduando em Comunicação Social pela Universidade Federal da Bahia, Marcelo atua no segmento literário e na realização em audiovisual, tendo experiências com produção e comunicação no segmento artístico. Produziu o documentário “Barco do outro lado da memória”, com apoio do Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho e a Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU). Participou da série documental, “Travessias Negras” (2016), com direção de Antônio Olavo, pela Portfolium Filmes, e também produziu e dirigiu a videorreportagem “Corpos Violentos ou Corpos Violados?”, em parceria com a Revista Afirmativa e a Produtora Tela Preta. Participa da formação de roteirista pela Usina do Drama, grupo de extensão da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Poeta, contista e roteirista, o artista já foi premiado pelo concurso nacional da Juventude Literária da Editora Malê (RJ), sendo um dos finalistas baianos do prêmio. Já participou de diversas antologias poéticas da cidade, como o Projeto Enegrescência, Sarau da Onça e da Editora Organismos