Massacre da Pedra do Reino inspira espetáculo teatral

O Encantado – Uma Saga Nordestina em Busca de Dom Sebastião é uma montagem teatral de cunho sertanejo, medieval e armorial, com base nos fatos que marcaram o movimento sebastianista. A trama está ligada aos acontecimentos históricos ocorridos em Pernambuco, nos quais líderes messiânicos pregavam vida próspera para o povo sertanejo.

Histórias Reais

Serviram como elementos para a construção do espetáculo, três personagens ligados ao mito sebástico: Silvestre José dos Santos, da Serra do Rodeador, João Antônio Vieira dos Santos e João Ferreira da Pedra Bonita, todos do sertão pernambucano. Nestas localidades, comunidades eram formadas com centenas de pessoas comandadas por esses beatos, pregando que o rei português Dom Sebastião ressuscitaria ali trazendo riqueza e prosperidade para os mais pobres e necessitados.

Nesses locais seria criado um reino encantado, liderado pelo monarca, revivendo, assim, a lenda lusitana sobre o rei que retornaria para restaurar a soberania do Império Português, livrar o povo das mazelas, distribuir riqueza e terras, enriquecer os pobres e libertar os negros da escravidão.

Na história criada para o espetáculo, Felipe Silveira dos Anjos, interpretado pelo ator Ricardo Stewart (Protocolo Lunar), se apresenta como descendente desses líderes messiânicos e por isso com direito de estabelecer esse império encantado. 

O Mito de Dom Sebastião

Dom Sebastião foi um rei português morto em 1578, aos 24 anos de idade, quando participava de uma Cruzada, em Marrocos, na tentativa de combater os mouros e convertê-los em cristãos. Tendo desaparecido no combate e ele sem descendentes, a Coroa Portuguesa passou para as mãos espanholas. Acontece que seu corpo nunca foi encontrado, daí criou-se a esperança que ele retornasse, revivendo uma profecia lusitana sobre o retorno de um soberano, ungido por Deus.

Sendo assim, o mito criado foi se espalhando pelas colônias portuguesas, fincando raízes no nordeste brasileiro.

A dramaturgia, baseada em fatos verídicos, foi criada a partir da coleta de informações sobre os acontecidos, principalmente na obra Memória sobre o Reino Encantado na Comarca de Villa Bella, de Antonio Ático de Sousa Leite, primeiro registro escrito sobre os fatos da Pedra Bonita. Também nas citações presentes nas obras da literatura brasileira, como O Reino Encantado: Crônicas Sebastianistas, de Tristão de Alencar Araripe Jr.; Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, de Ariano Suassuna; Pedra Bonita, de José Lins do Rego, além de relatos de historiadores e artigos de pesquisadores.

A Montagem

A peça foi escrita em forma de monólogo, no qual o protagonista, Felipe Silveira dos Anjos, acredita ser descendente destes beatos, que para ele eram reis e, portanto, sente-se no direito de evocar e ressuscitar o monarca português e criar um reino encantado no sertão pernambucano. A história é dividida em seis episódios.

O relato é costurado por elementos sonoros e visuais do universo sertanejo: lamentos, cantos, louvores, prosas, poesias, cantos armoriais, sons de chocalhos, apitos, etc. As intervenções musicais são executadas ao vivo pelo multi-instrumentista Igor Reis (Camerata Popular do Recôncavo e Forró Bando Velho Chico).

O Personagem – A construção do personagem tem sua elaboração baseada na tradição dos antigos Griôs, contadores de histórias transeuntes que trazem à tona a memória e as lembranças relatadas pelos antigos ancestrais e repassadas para os novos de uma forma própria e pessoal, utilização vários artefatos, sonoros e visuais.

Elementos Cenográficos – Figurinos, cenografia e adereços se confundem na proposta criada. O espaço cênico é constituído por um painel ao fundo formando um mosaico com temas armoriais e elementos pendurados por cordas que se movimentam a partir de manipulação do próprio ator durante o espetáculo. O figurino é composto por várias peças de roupas, que se sobrepõem e vão sendo tiradas, colocadas e transformadas em objetos de cena. Além disso, caixas, instrumentos musicais e bonecos são manipulados pelo ator e pelo músico.

Uma nova montagem – O espetáculo é uma remontagem da encenação Quaderna, O Encantado, de 2015. A primeira versão fez temporadas no Teatro Gamboa Nova, Teatro SESI Rio Vermelho, fez participação especial na Feira de Literatura da UEFS (Universidade Federal de Feira de Santana) e foi um dos comtemplados pelo Edital BNB 2017, sendo apresentado em Fortaleza (CE), Juazeiro do Norte (CE), Sousa (PB) e São Jose do Belmonte (PE). A remodelagem da montagem conta com a mesma equipe de realização, porém, teve modificações na estrutura cênica, novas trilhas sonoras, mudanças no texto e inclusão projeções de vídeo com o objetivo focar os relatos nos acontecimentos históricos, de aproximar os fatos, que na maioria são trágicos e sanguinolentos, aos contextos históricos atuais, além de tornar a encenação mais acessível ao grande público.

O Encantado – Uma Saga Nordestina em Busca de Dom Sebastião é um espetáculo escrito e dirigido por Edinilson Motta Pará (Escorial e A Pedra do Meio Dia ou Artur e Isadora), produzido por Milena Ribeiro (Quaderna, O Encantado e Banda Mametto) e uma realização do Coletivo Canduras e Artes (A Atriz que Não Sabia Morrer e Nós por Acaso: Um Caso de Língua).

Ficha Técnica

Dramaturgia e Direção – Edinilson Motta Pará

Ator – Ricardo Stewart

Músico – Igor Reis

Contra Regra – Meire Marques

Iluminação – Leandro do Reis

Coreografias e Preparação Corporal – Robson Correia

Criação da Cenografia, Figurino e Adereços – Yoshi Aguiar

Assistentes da Execução da Cenografia, Figurino e Adereços – Milena Leite e Meire Marques.

Confecção de Bonecos de Marionetes – Grupo de Teatro de Bonecos Ereoatá

Confecção de Bonecos de Pano – Clarissa Pimentel

Confecção de Bonecos de Papel – Ricardo Stewart

Designer Gráfico – Júnior Simas

Fotografias – Amanda Abbude

Coordenação de Produção – Milena Ribeiro

Realização – Coletivo Canduras e Artes

Serviço:

Projeto 2 X Canduras e Artes

Espetáculo: O Encantado – Uma Saga Nordestina em Busca de Dom Sebastião

Local: Teatro Martim Gonçalves – Escola de Teatro da UFBA

Datas: 04, 05, 06, 07, 11, 12, 13, 14 de outubro de 2018.

Horário: 19 horas

Classificação: 14 anos

Contatos:

Milena Ribeiro

71 9 9260 9068

milenaproduz@gmail.com

Edinilson Motta Pará

71 9 8733 9617

71 3332 0845

nilsinho67@hotmail.com

@canduraseartes