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“Vozes do Desejo” volta em curta temporada no Teatro Martim Gonçalves
19 - fevereiro - 2016 | 20:00 - 28 - fevereiro - 2016 | 22:00
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Em celebração aos 70 anos da UFBA e 60 anos da Escola de Teatro da Universidade, e também em homenagem ao ex-aluno, professor, dramaturgo, diretor teatral e ex-diretor da Escola, Deolindo Checcucci, a Companhia da Escola de Teatro da UFBA volta a encenar o espetáculo “Vozes do Desejo”, uma colagem de textos de Deolindo Checcucci, em curta temporada. A reestreia acontece nessa sexta-feira, dia 19/02, às 20h, e depois seguirá em temporada até 31 de janeiro – sextas e sábados às 20h; e domingo às 19h. Os ingressos custam R$ 5,00 (meia) e R$ 10,00 (inteira).
“Vozes do Desejo”, que tem direção de Hebe Alves e direção musical de Luciano Salvador Bahia, é um espetáculo musical que reúne trechos de nove peças de Deolindo, lançadas pela EDUFBA, em 2012, na Coleção do Teatro Baiano, em três volumes intitulados “Peças de Amor e Ódio”, “Protagonistas Nordestinos” e “Musicais Infanto-juvenis”. O espetáculo aborda temas que vão da violência urbana ao 2 de Julho, tratando também da trajetória de notáveis personagens da história e do imaginário do povo da Bahia e do Nordeste.
“Misererenóbis” (inédito), “Curra”, “Um Corte no Desejo” e “Ciúme de Você” apresentam o movimento do desejo em meio ao caos da vida urbana e “Raul Seixas”, “Irmã Dulce”, “A Mulher de Roxo”, “O Voo da Asa Branca” e “Quitéria” formam o quadro de referências das figuras baianas e nordestinas que se destacaram por sua obra ou grandiosidade de seu gesto em prol da coletividade. Costurando as cenas, temas musicais instrumentais compostos para o espetáculo por Luciano Salvador Bahia. Durante as cenas, além das músicas e Luiz Gonzaga e Raul Seixas, sucessos das décadas de 70 e 80 que evocam um clima meio marginal, underground, através das composições de Walter Franco e Cazuza.
Elenco – Em cena, várias gerações de atores, que se revezam interpretando cerca de 100 personagens. Alunos da Escola de Teatro, alguns no início do curso, e estudantes da UFBA da Escola de Música e da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas foram selecionados em uma audição e irão tocar ao vivo em cena e atuar. Como convidados, jovens atores que já estão atuando profissionalmente, atores consagrados, como Edlo Mendes, Joana Schinitman, Selma Santos e Vitório Emanuel, e os aclamados veteranos que escreveram ao longo das décadas a história do teatro baiano e são dois ex-alunos da Escola, integrando a primeira turma do curso de teatro há 60 anos: Mário Gadelha e Sônia Robatto.
Ficha Técnica
Cenário: Rodrigo Frota
Figurino: Zuarte Júnior
Maquiagem: Anna Oliveira
Desenho de luz: Pedro Dultra
Fotos: Diney Araújo
Preparação Corporal: Jane Santa Cruz
Direção Musical: Luciano Bahia
Design Gráfico: Prissila Laís Guimarães
Assessoria de Imprensa: Doris Pinheiro
Assistência de Direção: Camila Guilera e Gustavo Grangeiro
Equipe de Produção: Hebe Alves, Camila Guilera, Leandro Santolli e Vítor Alves
Encenação: Hebe Alves
Elenco: Dimitria Herrera, Felipe Manfrin, Felipe Viguini, Gabrielle Santana, Jell Oliveira, João Victor Soares, Marcos Lopes, Pretha Sousa, Queila Queiroz, Rodrigo Queiroz, Thiago Almasy
Atores convidados: Camia Guilera, Edlo Mendes, Gustavo Grangeiro, Joana Schinitman, Selma Santos, Emanuel Vitório.
Participação Especial: Sônia Robatto e Mário Gadelha.
Músicos: Júlio Ernesto, Paola Dalva Kaká
Sobre Deolindo Checcucci
Deolindo Checcucci Neto (Salvador Bahia), diretor, dramaturgo, professor. Um dos alunos do Curso de Formação do Ator na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia – UFBA, em 1967 e 1968. Conclui o Bacharelado em Direção Teatral na Escola de Teatro da UFBA em 1978. Torna-se Mestre em Direção Teatral na Universidade do Kansas, Estados Unidos, 1983.
Inicia como professor no Curso de Teatro e Expressão Corporal, 1970. Torna-se Chefe de Departamento de Técnicas do Espetáculo da Escola de Teatro da UFBA, no período de 1988 a 1992. Continua na gestão pelo Colegiado de Cursos, de 1992 a 1996. Encerra o trabalho como gestor na instituição sendo Diretor da Escola de Teatro da UFBA, de 1996 a 2000. É Professor Adjunto, paralelamente aos cargos de gestão da unidade.
Participa de vários seminários, de 1970 a 1979, relativos à Dramaturgia e Teatro para a Infância e Juventude, firmando-se como diretor de espetáculos para o público infantil. O início como diretor teatral é em Feira de Santana, Bahia, 1968. Como assistente de direção, participa do Auto da Compadecida, do dramaturgo Ariano Suassuna (1927), direção do belga Maurice Vaneau (1926-2007), em 1978, no Teatro Castro Alves; Um Homem É Um Homem, texto de Bertolt Brecht (1898-1956), direção do carioca João das Neves (1935); e A Companhia das Índias, do pesquisador sergipano Nelson Araújo (1926-1993), direção do cineasta baiano Orlando Senna (1940), em 1998.
Na década de 1970, encena textos de nomes relevantes, como o dramaturgo romeno Eugène Ionesco (1909-1994), o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), a dramaturga brasileira Maria Clara Machado (1921-2001). As montagens de O Futuro Está nos Ovos, Amar Amargo e Pluft, O Fantasminha são referências no teatro baiano daquele período. Encena textos de colegas baianos, representantes reconhecidos da sua geração, como Haydil Linhares (1935-2010), autora de O Pique dos Índios, 1973; e Cleise Mendes, O Bom Cabrito Berra, 1977.
Dirige textos de sua autoria a partir de 1972, estreando como autor com Julinho Contra A Bruxa do Espaço. Escreve e dirige Nosso Céu Tem Mais Estrelas. Outros espetáculos de sua autoria montados em Salvador nos anos 70: Lula Mete Bronca; Bang Bang em Xique-Xique; Um, Dois, Três, Alegria; A Roupa Nova do Rei. Como conclusão do Bacharelado em Direção Teatral, encena em 1978 O Romance dos Dois Soldados de Herodes, texto do escritor pernambucano Osman Lins (1924-1978). No mesmo ano, dirige A Viagem de Um Barquinho, da autora de textos para crianças Sylvia Orthof (1932) e Doroteia, de Nelson Rodrigues (1912-1980). É diretor de um sucesso do teatro baiano, a montagem de Bocas do Inferno, a partir da obra do poeta maldito Gregório de Mattos, que escreve em parceria com Cleise Mendes e Carlos Sarno em 1979.
Na década de 80, é um dos nomes mais ativos e premiados do teatro baiano. Adapta e dirige, juntamente com Cleise Mendes e Armindo Bião, Cândido ou O Otimismo, da obra do filósofo francês Voltaire (1694-1778). Continua dirigindo espetáculos para a infância e juventude, com Quem Conta Um Conto Aumenta Um Ponto, A Bela e A Fera e A Lenda do Piuí. Escreve e dirige Abre Mais e Curra. De outros autores, encena: Desmemórias, reunião de textos de Cleise Mendes, Guido Guerra e Aninha Franco; A Torre em Concurso, de Joaquim Manoel de Macedo; A Sombra Assombra, de Haydil Linhares, na Escola de Teatro da UFBA; A Chunga, do escritor peruano Mario Vargas Llosa (1936); e A Guerra Mais ou Menos Santa, do carioca Mario Brasini. Traduz o texto do dramaturgo americano James Larson, Dadadadá, em parceria com Armindo Bião. Como parte do projeto de conclusão do Mestrado nos Estados Unidos, apresenta em Salvador sua encenação para O Assalto, do dramaturgo brasileiro José Vicente (1945-2007).
Nos anos 90, realiza espetáculos que demonstram amadurecimento como diretor e dramaturgo.É premiado pelos textos infanto-juvenis Um Dia, Um Sol e Na Lua, na Rua, na Tua, respectivamente em 1996 e 1999. Dirige Castro Alves e Eu, Brecht, de Cleise Mendes. O Pássaro Preto e A Namorada, dos autores baianos Nelson de Araújo e Cláudio Simões.Viúva, Porém Honesta, de Nelson Rodrigues. Aposta na dramaturgia brasileira, com a produção e direção de A Lira dos Vinte Anos, do dramaturgo carioca Paulo César Coutinho e D. Maria I, A Louca, em Ritmo de Aventuras, da dramaturga baiana Aninha Franco. De sua própria autoria, encena Um Corte no Desejo, Intimidades, parceria com Sérgio Farias, eNatal na Feira, com Cláudio Simões. Estreia o texto inédito em Salvador, Angel City, do americano Sam Shepard (1943). Destaca-se pela direção do premiado espetáculo Na Selva da Cidade, de Bertolt Brecht, em 1996.
No período de 2000 a 2009, encena textos de sua autoria: Ciúme de Você, O Voo da Asa Branca, Em Busca de Um Sonho Perdido, Raul Seixas, A Metamorfose Ambulante, em parceria com Plínio Seixas, Irmã Dulce e Inteiramente Nu.Dirige Maria Quitéria, adaptação para musical do texto de Ida Vicenzia, e O Terceiro Sinal, da dramaturga baiana Cláudia Barral. O Voo da Asa Branca, que conta e recria a história do músico, cantor e compositor brasileiro Luiz Gonzaga, O Rei do Baião (1912-1989), transforma-se em grande sucesso de público, com temporadas repetidas e diversas viagens por todo o país. Sucesso semelhante acontece com Raul Seixas, A Metamorfose Ambulante, que reconta a trajetória do cantor e compositor baiano Raul Seixas (1945-1989).
Trabalha como produtor em Os Saltimbancos, do compositor e dramaturgo Chico Buarque (1944), em O Assalto e O Zoológico de Vidro, 1993, e Apareceu A Margarida, 1997. Diversifica sua atuação nas artes cênicas como figurinista e cenógrafo. É o criador dos figurinos de Leonce e Lena e do cenário e figurino de Pode Ser que Seja Só O Leiteiro lá Fora,Um Corte no Desejo e Viúva Porém Honesta, todos realizados na década de 90.
Assina colunas sobre teatro e música no Jornal A Tarde, de Salvador, em 1975 e 1976. Escreve exclusivamente sobre teatro em 1979 e 1980. Na Revista Neon escreve de 1999 a 2000 sobre o teatro de Salvador. Como dramaturgo, tem os seguintes textos ainda inéditos: É Meu, É Seu, É Nosso, para o público infantil, e Vamos Pintar a Cidade de Azul e O Banquete, para adultos.
Suas encenações caracterizam-se por duas frentes: uma dedicada ao público infanto-juvenil e a outra endereçada aos adultos. O fato de ser dramaturgo de praticamente todas as suas peças imprime muita personalidade aos espetáculos que dirige. Há uma temática recorrente, a transgressão. O indivíduo está sempre em confronto com o entorno, a tensão entre individualidade e coletividade é posta em xeque. Ora pela comédia, ora pelo drama, assume posicionamentos provocativos, que implicam numa visão da cena como lugar de análise e discussão da sociedade. Para ele, o teatro é associado à reflexão, ao debate. O entretenimento pelo entretenimento impediria o teatro de ser plenamente o que é. Mesmo atento às possibilidades de divertimento oferecidas pelo teatro, procura uma marca de questionamento em suas produções.
Suas contribuições ao Núcleo de Pesquisa sobre Teatro para Infância e Juventude da Escola de Teatro são relevantes, assim como os espetáculos que dirige para a Companhia de Teatro da UFBA. Professor no Bacharelado em Direção Teatral, entre os anos 80 e 90, influencia muitos alunos da instituição, principalmente em disciplinas como Cenografia, Prática de Ensaio e Direção e Montagem. É representante da geração que esteve vinculada à Escola de Teatro da UFBA durante os anos 60. Leva para Salvador, na década de 80, inovações nos procedimentos de cenografia, por conta dos estudos realizados nos Estados Unidos, como planos diferenciados de ação, estruturas verticais, tablados que invadem a platéia e cenas entre os espectadores. Em seus projetos percebe-se o interesse por montar regularmente autores brasileiros, sobretudo baianos. Em espetáculos dos anos 2000, associa o texto teatral à música. A experiência dessa junção em O Voo da Asa Branca é a mais bem sucedida. Desde os anos 60, reinventa-se como diretor, dialogando através do palco com tendências de cada década, assuntos que circulam pela cidade, temas de interesse, comentários sobre o espaço urbano e suas mazelas, cumprindo a função de provocar espectadores prioritariamente em Salvador.