Insultos são expressões geralmente usadas para desumanizar membros de grupos identificados com base em categorias como raça, religião, gênero ou orientação sexual, presumindo que tenham conteúdo depreciativo. Expressões, como puta ou bicha, são tipicamente e historicamente usadas como insultos, mas em alguns contextos, são usadas de forma positiva e baseada na identidade, resultado de um processo de reapropriação por parte das comunidades de prática. O processo de reapropriação prevê uma mudança de significado do léxico referencial do grupo-alvo. Dentro da comunidade LGBTQIA+, essas expressões são utilizadas, muitas vezes, de forma afetiva e identitária, inclusive funcionando como expressões participantes do discurso. Uma análise linguística dessas expressões deve explicar por que, em casos de reapropriação, os insultos não expressam seu conteúdo depreciativo padrão. O objetivo principal desta fala é apresentar o processo de deslizamento referencial de insultos LGBTQIA+ do ponto de vista gramatical, partindo do pressuposto de que diferentes significados se devem a diferentes estruturas sintáticas.